Cultivamos nosso desapego quase que à força, correndo sem olhar pra trás, linha reta para não cair. Vestígios rasgados pra não querer voltar, desprendimento pra seguir em frente. Aparentemente, fomos bem sucedidos. Nos pusemos a andar, confiantes sem temer distrações, até que cá estancamos. Bem no meio das impossibilidades um do outro. Dois estranhos compartilhando muito mais que experiências passadas. Que coisa, veja só, a gente se olhou... E se viu.
Eu poderia ir ou te mandar embora, mas já que você chegou no momento - quase - certo, vou te pedir que fique.
Mesmo que o futuro seja de incertezas, mesmo que haja, ou não, algo duradouro prescrito pra gente.
Ainda que a gente se machuque com o passado do qual não nos libertamos, ainda que a sintonia de hoje não nos sirva como laço.
Eu quero que você fique. É um pedido egoísta, eu sei. Possivelmente alguém ficaria sem chão se resultasse em fracasso...
Mas, por outro lado, você sabe como me fazer sorrir... E eu posso te fazer feliz também. Podemos tantas coisas juntos, se livres.
É um risco.
Eu pulo, se você me der a mão.
Raquel Barroso