Hoje tive um pesadelo. Eu finalmente chegava, estava ali, transpirando cansaço, à sua espera. A longa espera, aquela que achei que nunca findaria. Estava ali e você não vinha. Pior, você sequer me alertava do desencontro. Me deixava parada, sozinha e muda no desconforto da dor, onde nada se encaixa, onde nosso simples respirar denuncia fragilidade e todo o resto parece não nos pertencer. Permanecia ali por tempo indeterminado, um tanto anestesiada para pensar em pensar qualquer coisa. Um bocado ferida pra ousar qualquer movimento. Entrelaçara meus braços sob o peito para em vão segurar o que escapava, o muito de mim que se esvaía a cada grito que conseguira calar entre um soluço e outro. A dor existe, sabe. Existe e eu a conheço. Ela preenche cada pedaço, permeia as lembranças, habita nos sentidos. Ela tem seu cheiro, seu toque, seu timbre, os traços e expressões do seu rosto. Ela flui de você, meu caro.
Não sei dizer quanto tempo fiquei ali, na agonia insensata do 'quase', na iminência de te perder para sempre, de te deixar escapar pelas frestas que tanto lutei para fechar... No meu mundo moldado para te pertencer. Excruciante como uma parte que nos falta. Você e sua ausência, confirmando meus pontos fracos, falhos, atestando meu desespero.
Acordei aos gritos. A dor ali estacionada, forte como há tempos não me assaltava. Depois o alívio... A prece clara, alta. A certeza do aprendizado do muito que você me ensinou. O conforto de te saber distante, mas de me saber serena quanto a isso. De me saber amante, mas livre para seguir. De te saber meu professor, porém não mais necessário.
Raquel Barroso
Não sei dizer quanto tempo fiquei ali, na agonia insensata do 'quase', na iminência de te perder para sempre, de te deixar escapar pelas frestas que tanto lutei para fechar... No meu mundo moldado para te pertencer. Excruciante como uma parte que nos falta. Você e sua ausência, confirmando meus pontos fracos, falhos, atestando meu desespero.
Acordei aos gritos. A dor ali estacionada, forte como há tempos não me assaltava. Depois o alívio... A prece clara, alta. A certeza do aprendizado do muito que você me ensinou. O conforto de te saber distante, mas de me saber serena quanto a isso. De me saber amante, mas livre para seguir. De te saber meu professor, porém não mais necessário.
Raquel Barroso