Comumente me flagro fazendo perguntas já corriqueiras acerca de um assunto igualmente habitual: por que será que alguém decide não gostar de você simplesmente por não gostar? É um mal querer gratuito, um desgosto sem razão. "Nosso santo não bateu", diz a maioria. "Fulaninha não deve prestar... Olha como se veste.", "Ouvi coisas terríveis a respeito de Sicrano...", as motivações são várias. É a sociedade do desafeto, do desamor, do despropósito. Passou até a ser aceitável e compreensível alguém resolver te alvejar moralmente somente pelo fato de não ir com sua cara ou de te responsabilizar afetivamente por ter levado um pé na bunda do namorado, pelo emprego que perdeu, pela relação que não vingou, porque tropeçou andando na rua, porque o horóscopo não foi bom, porque tá de tpm, dentre outros muitos motivos que nada justificam.
É tanta gente promovendo a si, fazendo da própria fé armadura de combate, firmando ódio por desacertos infantis e rancores passados; é tanta ausência de humildade, que raramente se chega ao perdão e fatalmente se aproxima do caos.
Tem tanta coisa maior do que impulsionar desafetos, tem tanta vida por trás de quem vive pra desmerecer a vida do outro... Temos tanto a aprender quando nos propomos a desculpar, a relevar, a não tomar pra si. Tem tanto amor por vir quando a gente passa a abençoar até o que já não é bem vindo...
Raquel Barroso
É isso mesmo, Raquel, a falta de humildade, levada através da ausência de humanidade, provoca a verdadeira ira envolvida em todo o caos. Belo texto, bela reflexão.
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