quinta-feira, 1 de março de 2012

Meus novembros...


Eu sinto sua falta. Aliás, não sei bem se de você. Eu sinto falta de alguma coisa que se perdeu no meio do caminho sem que eu tivesse tido a oportunidade de escolha, sem que percebêssemos o desfecho inevitável das separações.
Acho que sinto falta do que poderia ter sido, do que deveria ter sido, do que, para meu próprio pesar, não foi. Eu sinto essa falta há muito tempo, tempo que me parece infinito. Tempo que foi desde sempre. Mas que não quero eterno. Eu sinto sua falta e sei que você não sente a minha. Sei e demorei pra aceitar. Sei e acho que nunca aceitarei completamente. Eu sei que precisei do teu colo, sei que ainda preciso, sei que não o tenho. Eu sei que isso me marcou, ainda que jurasse que não, ainda que vestisse um sorriso de ‘tudo bem’, ainda que quisesse acreditar numa reviravolta da vida. Ela nunca aconteceu. E eu sei. 
Eu sei que você não teve tempo de me amar, de me olhar, de me conhecer, de abraçar minhas dores e alegrias como suas. Coisas que pais e filhos dividem, coisas que você divide com os seus. Coisas que me faltaram. Eu sei que eu quis, eu quis muito te chamar de meu, quis muito ser sua. Quis e achei que podia, já que nasci por sua causa, já que estou aqui também por mérito seu. Eu quis um amigo, um amigo que de mim soubesse, um amigo que me segurasse, um amigo que me desse a mão. Eu queria o carinho, eu queria a preocupação, eu queria a proteção. Eu queria ser igual, queria ser linda aos seus olhos, queria que você me olhasse, que você me enxergasse, que você me buscasse. Eu queria que você me amasse. 
Eu sei que talvez não seja possível, sei que talvez seja esse o revés que a vida me trouxe, sei que talvez seja esse o aspecto que eu tenha de encarar para crescer. Eu sei de tudo isso, mas, numa hora dessas em que a dor e a ausência tomam conta, eu só sei que eu queria um Pai.

Raquel Barroso

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