quinta-feira, 1 de março de 2012

Nu


Que será isto senão meu inconformismo traduzido em lágrimas...
Meus olhos não as detêm
Não o podem
São supremas
Registram em meu semblante
O conflito que tento esquecer
Vagam soberanas, escorrem salgadas
Enxugo-as em segredo
Estas recolhem-se,
De tão amordaçadas no lenço já úmido
Guardo-as instintivamente
Minha fraqueza mais explícita
Eu, NU, observado pelo mundo
Visto-me num impulso,
Cubro-me de moldes
De olhares estou salvo,
Estes não me penetram,
Não podem tanto
Testemunhas caladas,
não podem ver
Só o lenço relata,
agora ressequido,
o que se passa
Não avistam minha desgraça
Estou NU,
mas ninguém sabe.


Raquel Barroso

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